Mulheres precisam ter cuidado redobrado com a candidíase no verão

Dr. José Bento

                     Dr. José Bento

O uso prolongado de biquíni molhado e o calor excessivo são fatores que contribuem para o surgimento da doença, que causa coceira e muito desconforto.

SÃO PAULO [ ABN NEWS ] — A chegada da estação mais quente do ano mexe com a rotina de muitas mulheres. São dias na praia, piscina, tudo com muito sol e muitas vezes a malhação se intensifica para preparar o corpo para o biquíni. Só que é no verão que também aumenta a incidência de candidíase, uma infecção na região vaginal causada por um fungo, que atinge três em cada quatro mulheres pelo menos uma vez ao longo da vida.

Os principais sintomas da doença são ardor e coceira na região vaginal e um corrimento de cor esbranquiçada. “O fator que mais desencadeia uma infecção por candidíase é a baixa de imunidade. Mas o calor e a umidade também contribuem muito para o aparecimento da doença”, explica o ginecologista e obstetra Dr. José Bento [foto]. Para prevenir a doença, alguns cuidados básicos podem ser tomados. Evitar manter o biquíni molhado no corpo por muito tempo, assim como evitar o uso de roupas com tecido sintético principalmente nos dias mais quentes. As mulheres devem preferir usar roupas mais leves, fabricadas com tecidos naturais, que facilitem a ventilação.

Para tratar a doença, entre as opções existe o antifúngico à base de clotrimazol (Gino-Canesten®, da Bayer), de aplicação vaginal disponível em creme para três ou seis dias de tratamento ou comprimido vaginal de dose única. O clotrimazol elimina o fungo causador da candidíase e contribui para restabelecer o frágil equilíbrio da flora da região íntima feminina.

SAIBA MAIS:

Candidíase Vulvovaginal

O que é a Candida albicans?

Ela é a espécie mais comum de fungo que pode habitar a vagina. Também pode ser encontrada na pele, boca, estômago, intestino. Em condições normais, a vagina é habitada por vários microorganismos (bactérias e fungos) que constituem sua flora normal (fisiológica).

Quando ocorre desequilíbrio nesta flora e/ou nos mecanismos de defesa da mulher, existe crescimento da Candida sp, ocasionando o aparecimento da doença, a candidíase vulvovaginal.

Estima-se que cerca de 75% das mulheres experimentarão pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal durante suas vidas, e que uma parte das mulheres adultas, aproximadamente 5%, sofrerão de episódios repetitivos.

O que favorece a infecção e a reinfecção?

Medicamentos como os antibióticos e corticóides podem alterar a flora vaginal normal e os mecanismos de defesa, propiciando mais oportunidades p/ o crescimento da Candida sp;

Gravidez: durante este período, o ambiente hormonal específico pode proporcionar mudanças no meio vaginal que favoreçam à proliferação dos fungos;

Anticoncepcionais de alta dosagem: também podem facilitar o aumento da população de fungos, pelo mesmo mecanismo da gestação;

Diabete descompensado: o aumento da concentração de glicogênio (um tipo de “açúcar”) no conteúdo vaginal pode favorecer a candidíase;

Higiene íntima inadequada: a contaminação da vagina com germes provenientes do intestino pode ocorrer por higiene local inadequada;

Vestuário: roupas íntimas e/ou calças justas e/ou de tecido sintético (lycra, elanca, nylon e similares) prejudicam a ventilação, favorecendo o aumento da umidade e temperatura local, tornando assim o ambiente propício ao crescimento dos fungos;

Relações sexuais: a transmissão da Candida sp por esta via é controversa, pois a candidíase vulvovaginal também ocorre em pessoas sem atividade sexual. Então, pelo menos para casos repetitivos, o tratamento do parceiro sexual pode ser recomendado;

Dieta: existem hipóteses de que o excesso de ingestão de açúcares e/ou alimentos ácidos favoreceriam a repetição de episódios de candidíase vulvovaginal, entre outros.

Como identificar a candidíase vaginal?

Prurido (“coceira”) vulvar é o sintoma mais comum;

Quando há corrimento vaginal anormal, o mais frequente é descrito como branco, com aspecto semelhante a leite talhado e em quantidade variável, porém existem variações;

Outras queixas comuns são: ardor, eritema (vermelhidão) e edema (inchaço) vulvar, ardor ao urinar e dor às relações sexuais;

Frequentemente os sintomas iniciam-se no período pré-menstrual, isto é, alguns dias antes do início da menstruação.

Como prevenir?

Dê preferência às roupas íntimas de puro algodão, pois estas favorecem a ventilação local;

Evite usar toalhas e roupas íntimas que ficaram secando no banheiro (isso facilita a manutenção dos fungos) e, principalmente, aquelas que pertencem a outras pessoas. As toalhas devem ser bem lavadas e sempre passadas a ferro antes do uso;

Após as evacuações, a higiene local deve ser feita trazendo o papel higiênico no sentido da vulva para o ânus (da frente para trás), nunca o contrário, evitando assim a contaminação da vagina por germes que habitam as fezes;

Evite o uso de protetores (absorventes) íntimos diários, pois estes também prejudicam a ventilação local;

Quando na praia ou piscina, evite ficar períodos prolongados com o maiô molhado, porque além de prejudicar a transpiração, o ambiente úmido e quente favorece a proliferação dos fungos;

Duchas intra-vaginais são absolutamente desnecessárias e, além de causar desequilíbrio na flora vaginal normal, podem levar os germes para órgãos genitais mais altos (útero, ovário e trompas), causando sérios danos à saúde;

Adquira o hábito de dormir com roupas confortáveis e largas, de preferência de puro algodão. Isto favorece a ventilação da região genital e, portanto, evita a proliferação dos fungos. Se possível, até mesmo durma sem calcinha.